quarta-feira, 19 de março de 2014

A Osteopatia e o Bebê


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A Osteopatia*, criada no século XIX, é uma profissão da área
da saúde, que consiste em uma abordagem manual de diagnóstico e
tratamento das disfunções do corpo – ou seja, das partes e sistemas
que apresentam mal funcionamento. Cuida dos músculos, das
articulações, dos nervos, do tecido conjuntivo, dos sistemas
circulatório, neurológico e imunológico, e dos órgãos internos, para
favorecer a capacidade do corpo de restabelecer e manter a saúde.

Seu fundamento é que todas as partes e sistemas do corpo humano
funcionam de maneira interligada ─ no caso do bebê é o que permite seu
desenvolvimento.

Cada paciente ─ inclusive o recém-nascido─ deve ser avaliado
integralmente de forma individual e, assim, não há protocolos para a
intervenção osteopática. Cada pessoa tem uma constituição única.

Em alguns países, o osteopata faz parte da equipe multidisciplinar
formada por obstetra, pediatra, enfermeira e profissionais da
reabilitação, que solicitam sua intervenção ao identificarem no bebê
sinais como dificuldade na amamentação, choro excessivo, alterações do
sono e assimetrias (crânio, tórax e membros).

O parto é um processo físico por vezes estressante para o corpo do
bebê que, nesse momento, tem sua maior parte formada por cartilagem;
os ossos possuem apenas 30 % do cálcio de um adulto. No caso do
crânio, os ossos, separados e maleáveis, deslizam e se sobrepõem
("modelagem"), por posicionamento intrauterino, ou para suportar a
pressão durante o parto e permitir a passagem no canal.

Tal maleabilidade também expõe o bebê a assimetrias, como achatamentos
e pequenas deformações cranianas. Um grau de modelagem é normal e se
recupera em alguns dias com os processos de adaptação à respiração, ao
choro e à sucção; mas se os deslizamentos e as sobreposições persistem
e não são tratados podem criar tensões nas membranas cranianas que
envolvem o sistema nervoso.

As tensões teciduais e a compressão das articulações cranianas e da
coluna cervical (pescoço) podem afetar os nervos que saem da base do
crânio, responsáveis por funções como alimentação, digestão e
respiração, e ainda causar outros desequilíbrios.

É possível que os problemas se acentuem em partos muito rápidos ou
muito prolongados, em situações onde a cabeça do bebê é
desproporcional ao diâmetro da bacia da mãe, ou em partos com ventosas
ou fórceps (embora nem sempre ventosas e fórceps sejam prejudiciais ao
bebê).

Algumas crianças, logo após o nascimento, apresentam áreas de tensão
(disfunções), que, dependendo do seu potencial de adaptação,
desaparecem durante o primeiro mês, corrigidas pelo seu próprio
desenvolvimento, pela respiração e, sobretudo, pela amamentação. As
que não conseguem se livrar sozinhas dessas zonas de tensão se
beneficiarão da intervenção osteopática.

O osteopata, estudioso de anatomia e fisiologia, compreende como os
sistemas corporais se inter-relacionam e se afetam mutuamente, e
examina com rigor suas estruturas.

Nos bebês, são sinais que sugerem a avaliação osteopática:

¢ Irritabilidade

¢ Choro excessivo

¢ Padrões de sono (perturbado)

¢ Dificuldades alimentares (sucção)

¢ Problemas digestivos (cólicas,
flatulência excessiva, refluxos)

¢ Assimetrias face/crânio

¢ Infecções recorrentes (olhos, ouvido), tosse

¢ Assimetrias dinâmicas - a preferência
por um seio durante a amamentação pode sugerir disfunções na coluna
cervical e/ou articulações temporomandibulares (pescoço e/ou
mandíbula).

O objetivo da abordagem osteopática em pediatria é remover os
obstáculos ao crescimento normal do bebê.

O osteopata colhe as informações referentes à gestação, ao parto, à
saúde recente e ao comportamento do bebê. Realiza os exames de rotina
e a avaliação osteopática, incluindo padrão respiratório, exame de
reflexos e desenvolvimento motor. Ele examina o bebê da cabeça aos
pés, percebendo a mobilidade da coluna, da pelve, do tórax, dos
membros e do crânio.

O profissional, treinado para perceber alterações nos tecidos e
detectar disfunções em todo o corpo, utiliza a palpação para avaliar a
mobilidade do corpo, incluindo o crânio. As técnicas manuais suaves
tratam as restrições de mobilidade e estimulam a capacidade de
autocura e de adaptação do bebê. O tratamento elimina as tensões, que
se traduzem em obstáculos ao crescimento e ao desenvolvimento normal.
A detecção e o tratamento precoce das alterações de mobilidade evitam
males crônicos na vida adulta.

Entre as condições que respondem bem à conduta osteopática, aliada a
outros métodos, estão problemas de comportamento e de desenvolvimento,
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), condições
genéticas e familiares, como síndrome de Down, paralisia cerebral e
autismo.

As técnicas osteopáticas cranianas são suaves e seguras. São
amplamente difundidas na Europa nos cuidados com bebês e crianças. As
reações adversas são incomuns, e a maioria dos bebês relaxa e dorme
após o procedimento. Alguns apresentam leve agitação, que desaparece
em 24-48 horas, tão logo se adaptem às modificações alcançadas ao
longo do processo.

O profissional está capacitado para identificar disfunções e aplicar o
melhor procedimento. A escolha das técnicas depende de avaliação,
indicações e contraindicações, e a frequência do tratamento varia a
cada caso.



* Para saber mais:

A Osteopatia exige uma capacitação de 1000 a 1500hs, em cinco anos,
após formação universitária.

Apesar de ser uma profissão no Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia,
Franca, Bélgica, e EUA,

no Brasil ainda não foi reconhecida oficialmente como profissão.

A OMS (WHO) reconhece a Osteopatia:
http://www.who.int/medicines/areas/traditional/BenchmarksforTraininginOsteopathy.pdf

No Brasil, confira o Registro Brasileiro dos Osteopatas:
www.registrodososteopatas.com.br


Escrito por Ana Paula A. Ferreira D.O.MRO (BR)

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